No Evangelho de hoje, São Marcos nos mostra que os apóstolos retornaram da missão e se reuniram com Jesus para Lhe contar tudo aquilo que tinham feito e ensinado. “Ele lhes disse: ‘Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um pouco’. Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo que não tinham tempo nem para comer” (v.31).
Que bela reflexão podemos fazer deste Evangelho! Jesus chama cada casal, cada pai e cada mãe – que muitas vezes enfrentam duplas jornadas de trabalho – para se retirarem do meio do barulho e ir a um lugar tranquilo para que possam ter momentos de lazer e de descanso.
Neste período de pandemia, pode-se pensar que a jornada de trabalho diminuiu devido às limitações impostas pelo Estado. Porém, ainda que o trabalho presencial possa ter sido reduzido em alguns setores, o serviço home office aumentou consideravelmente e, aquilo que era deixado no escritório, na sala de aula e na empresa foi trazido para dentro de casa e tem causado muitos problemas conjugais e familiares.
Temos que tomar cuidado. Nenhuma ocupação pode ser tão intensa que não haja lugar para mais nada, nem para o meu marido, nem para minha esposa, nem para os meus filhos, nem para os meus amigos, nem para mim mesmo e nem para Deus.
Infelizmente, nos nossos dias, tem-se perdido muito a noção do que seja o descanso. Não podemos achar que só precisamos descansar para não estourar com nosso cônjuge ou filhos, para não descontar neles o nosso stress ou para não prejudicar a nossa saúde física e emocional. Muitos ainda acham que uns dias de férias ou um período de descanso é um luxo e não se permitem dar esse direito.
O descanso é uma necessidade essencial para a pessoa, para o casal e para a família, que precisa relaxar e recobrar as energias perdidas na correria do dia-a-dia. O repouso semanal e as férias não são sinais de preguiça ou egoísmo, mas qualidade de vida e desejo de Deus.
Precisamos aprender de novo a nos divertir, se quisermos ter uma vida espiritual sadia. Santo Tomás de Aquino diz que: “Assim como o cansaço do corpo desaparece com o descanso do corpo, o cansaço da alma deve também desaparecer com o descanso da alma. Ora, o repouso da alma é o prazer. E o prazer da alma vem do entretenimento ou recreação. Portanto, é necessário fazer isso de tempos em tempos, como um meio de descansar a alma”.
Porém, descanso não quer dizer tirar várias horas do dia rolando a tela do smartphone para ver todas as postagens das mídias sociais, muito menos fazer maratonas de séries na TV.
O catecismo da Igreja Católica nos ensina que: “Tal como Deus ‘repousou no sétimo dia, depois de todo o trabalho que realizara’ (Gn 2, 2), assim a vida humana é ritmada pelo trabalho e pelo repouso. A instituição do Dia do Senhor contribui para que todos gozem de tempo de descanso e lazer suficiente, que lhes permita cultivar a vida familiar, cultural, social e religiosa. (CIC 2184)
Desde o tempo dos apóstolos, o Domingo foi instituído como o Dia do Senhor e é preciso voltar a fazer dele um dia sagrado. Não é um feriado, mas um dia santificado.
Para nós, católicos, é o dia de participarmos da Eucaristia, de ouvirmos a Palavra de Deus e de celebrarmos ação de graças. É um dia onde as famílias e os amigos se encontram para reforçar a vida fraterna.
Infelizmente, em muitos locais, por práticas ditadas por razões socioeconômicas, o Domingo não é mais um dia de descanso, mas outro dia para se ganhar dinheiro.
Sim, sabemos que algumas pessoas têm que trabalhar neste dia para não prejudicar os serviços essenciais. Mas, se este não é o caso, devemos reservar o Domingo para que seja um dia exclusivo do Senhor, tanto para a Missa como para o repouso e lazer com a família.
Aproveitemos o domingo e os momentos de descanso para contemplar a beleza da criação e agradecer a Deus por tudo que Ele é e por tudo o que Ele faz na nossa vida.
Maria, Porta do Céu, que possamos descansar no Teu Filho Jesus.
Um abraço, fiquem com Deus
Márcia e Ronaldo – Comunidade Sara e Tobias
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