Como ser uma pessoa de oração no cotidiano da nossa vida – Evangelho para o Casal / 2º Domingo da Quaresma – Lc 9,28b-36

Neste segundo domingo da Quaresma, temos o episódio da Transfiguração de Jesus segundo o evangelista São Lucas. Vemos que Jesus levou Pedro, Tiago e João para um momento de oração na montanha e “Enquanto rezava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante” (v.29).

A fim de demonstrar a importância da oração, Jesus quis que a Sua glória, manifestada na Transfiguração, ficasse marcada nos corações dos seus discípulos mais próximos: São Pedro, que seria depois o primeiro Papa da Igreja; São Tiago, o primeiro apóstolo a sofrer o martírio; e São João, o mais jovem entre eles e chamado de discípulo amado, que não abandonou o Senhor mesmo na cruz (Jo 19,25-27).

Quando rezamos, nos aproximamos da glória do Senhor. Continuando a estudar as práticas penitenciais, iremos refletir hoje sobre a oração, da mesma forma que fizemos com o jejum no domingo passado.

Já sabemos que devemos ter as nossas práticas espirituais de maneira constante, seja a nossa oração pessoal e conjugal, seja a frequência nos Sacramentos da Igreja.

Mas como ser um homem de oração ou uma mulher de oração com tantos compromissos? Como conciliar os cuidados da nossa casa, as demandas do nosso casamento, o tempo dedicado aos filhos, os compromissos do trabalho, com uma vida de oração?

Bom, sempre é bom pedir ajuda aos santos! Hoje, de modo particular, formulamos algumas perguntas para São Josemaria Escrivá, o santo do cotidiano.

É possível ter vida de oração juntamente com compromissos familiares e profissionais?

Queria afastá-los… da tentação, tão frequente nessa época e agora, de levar uma vida dupla: a vida interior, a vida de relação com Deus, por um lado; e por outro, diferente e separada, a vida familiar, profissional e social, cheia de pequenas realidades terrenas. Não, meus filhos! Não pode haver uma vida dupla… se queremos ser cristãos. Há uma única vida, feita de carne e espírito, e essa é que tem de ser — na alma e no corpo — santa e plena de Deus, desse Deus invisível, que nós encontraremos nas coisas mais visíveis e materiais (São Josemaria, Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, n. 114).

Posso fazer do meu trabalho profissional ou doméstico uma oração?

Pois bem: agora acrescento que também o teu trabalho deve ser oração pessoal, tem de converter-se num grande colóquio com o nosso Pai do Céu. Se buscas a santificação em e através da tua atividade profissional, terás necessariamente de esforçar-te para que se converta numa oração sem anonimato (Amigos de Deus, n. 64).

“Contemplo porque trabalho; e trabalho porque contemplo” (São Josemaria, Anotações da pregação, 2-XI-1964).

Durante o dia, como fazer oração?

Escreveste-me: “Orar é falar com Deus. Mas, de quê?” — De quê? D´Ele e de ti: alegrias, tristezas, êxitos e fracassos, ambições nobres, preocupações diárias…, fraquezas!: e ações de graças e pedidos: e Amor e desagravo. Em duas palavras: conhecê-Lo e conhecer-te: “relacionar-se!” (São Josemaria, Caminho, n. 91.).

Do ponto de vista prático, como orar sempre?

Começamos com orações vocais, que muitos de nós repetimos quando crianças: são frases ardentes e singelas, dirigidas a Deus e à sua Mãe, que é nossa Mãe. Ainda hoje, de manhã e à tarde, não um dia, mas habitualmente, renovo o oferecimento de obras que os meus pais me ensinaram: Ó minha Senhora, ó minha Mãe! Eu me ofereço todo a Vós. E, em prova da minha devoção para convosco, vos consagro neste dia os meus olhos, os meus ouvidos, a minha boca, o meu coração… Não será isto – de certa maneira – um princípio de contemplação, demonstração evidente de confiado abandono? (São Josemaria, Amigos de Deus, n. 296).

Como lembrar de Deus na correria do dia-a-dia?

Antes de começares a trabalhar, põe sobre a tua mesa, ou junto dos utensílios do teu trabalho, um crucifixo. De quando em quando, lança-lhe um olhar… Quando chegar a fadiga, hão de fugir-te os olhos para Jesus, e acharás nova força para prosseguires no teu empenho. Porque esse crucifixo é mais que o retrato de uma pessoa querida: os pais, os filhos, a mulher, a noiva… Ele é tudo: teu Pai, teu Irmão, teu Amigo, o teu Deus e o Amor dos teus amores. (Via Sacra, Estação XI. n. 5)

Posso alcançar a santidade por meio das atividades profissionais e ordinárias?

Em meio das coisas mais materiais da terra é que nós devemos santificar-nos, servindo a Deus e a todos os homens (Entrevistas com Mons. Escrivá, 113).

A santificação do trabalho profissional é uma semente viva, capaz de dar fruto de santidade numa imensa multidão de almas: “Para a grande maioria dos homens, ser santo significa santificar o seu trabalho, santificar-se no trabalho e santificar os outros com o trabalho” (Josemaria Escrivá, Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, n. 55. Cf. Josemaria Escrivá, É Cristo que passa, ns. 45 e 122).

Mas e dentro do meu casamento? Como fazer?

“Os esposos cristãos devem ter a consciência de que são chamados a santificar-se santificando, de que são chamados a ser apóstolos, e de que o seu primeiro apostolado está no lar. Devem compreender a obra sobrenatural que supõe a fundação de uma família, a educação dos filhos, a irradiação cristã na sociedade. Desta consciência da própria missão dependem, em grande parte, a eficácia e o êxito da sua vida: a sua felicidade” (São Josemaria, Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, n. 91).

“Há uma especial Comunhão dos Santos entre os membros de uma mesma família. Se sois muito santos, os vossos filhos terão mais facilidade em sê-lo” (Notas de uma tertúlia em Valência – Espanha, 19-XI-1972: AGP, P11, p. 101).

O que os pais podem fazer é uma séria educação dos seus filhos para a oração: “que Deus seja visto e tratado como é na realidade, também no seio do lar, porque, como disse o Senhor, onde estão dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles (Mt. 18, 20)” (São Josemaria Escrivá, Temas Atuais do Cristianismo , n. 103.).

O apostolado se faz apenas dentro dos ambientes das paróquias?

“Um bom indício da retidão de intenção, com a qual deveis realizar vosso trabalho profissional, é precisamente o modo como aproveitais as relações sociais ou de amizade, que nascem ao desempenhar a profissão, para aproximar de Deus essas almas” (São Josemaria Escrivá, Carta, 15.10.1948, n. 18, citado por Mons. Javier Echevarría, Carta Pastoral, 2.10.2011, n. 34).

Na realidade, santificam outras almas com a sua tarefa profissional porque “todo o trabalho que for oração, é apostolado” (Josemaria Escrivá, É Cristo que passa, n. 10).

E para concluir…

Não há outro caminho, meus filhos: ou sabemos encontrar o Senhor em nossa vida de todos os dias, ou não O encontraremos nunca. Por isso, posso afirmar que nossa época precisa devolver à matéria e às situações aparentemente mais vulgares seu nobre e original sentido: pondo-as ao serviço do Reino de Deus, espiritualizando-as, fazendo delas meio e ocasião para o nosso encontro contínuo com Jesus Cristo (São Josemaria, Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, n. 114).

Maria, Porta do Céu, ajuda-nos a fazer da nossa vida uma grande oração!

Um abraço, fiquem com Deus.

Márcia e Ronaldo

Comunidade Sara e Tobias

 

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