Jejum: poderosa arma para derrotar o mal na sua casa – Evangelho para o Casal / 1º Domingo da Quaresma – Lc 4,1-13

Iniciamos o tempo quaresmal na quarta-feira de Cinzas e a liturgia deste primeiro domingo da Quaresma nos apresenta as tentações de Jesus no deserto.

No início do Evangelho de hoje, São Lucas diz que: Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão, e, no deserto, ele era guiado pelo Espírito. Ali foi tentado pelo diabo durante quarenta dias. Não comeu nada naqueles dias e, depois disso, sentiu fome” (vv.1-2).

Por meio do jejum, Jesus venceu o demônio e nos ensinou uma das formas de combatê-lo. Se quisermos vencer o mal na nossa vida conjugal e familiar, não podemos abrir mão dessa arma tão poderosa.

O Catecismo da Igreja Católica orienta: “A penitência interior do cristão pode ter expressões bem variadas. A escritura e os padres insistem principalmente em três formas: o jejum, a oração e a esmola, que exprimem a conversão com relação a si mesmo, a Deus e aos outros” (CIC 1434).

O jejum, a esmola e a oração são remédios contra o pecado (cf. Mt 6,1-8). A oração aumenta nossa intimidade com Deus; a esmola (e todas as obras de caridade) cobre uma multidão de pecados (cf. 1Pd 4,8) e o jejum nos fortalece contra as tentações da carne e do espírito.

Por este motivo, falaremos hoje e nos próximos domingos destas três práticas penitenciais que devemos viver continuamente, mas de modo especial neste tempo forte que é a Quaresma. Hoje, nossa reflexão será sobre o jejum.

O QUE É – Sagradas Escrituras

O jejum é um sacrifício que fazemos periodicamente para melhorar nossa relação conosco mesmo e, consequentemente, nossa relação com Deus. Serve para nos purificar espiritualmente e treinar o desenvolvimento das virtudes que nos ajudarão a evitar pecados.

A prática do jejum nos leva a um relacionamento ordenado com as coisas. Por meio da renúncia a um alimento ou bebida, treinamos para renúncias maiores.

As Sagradas Escrituras trazem vários trechos que orientam sobre o jejum, como, por exemplo, o livro de Tobias: “Boa coisa é a oração acompanhada de jejum…” (Tb 12,8). Esta palavra confirma o que a Igreja ensina: o jejum potencializa a oração!

PORQUÊ – Ganhos espirituais com o jejum

Se você quer cumprir melhor as suas missões de cônjuge, de pai ou de mãe, ou qualquer outra missão que Deus lhe deu, você precisa jejuar. O jejum nos leva ao equilíbrio necessário na vida conjugal e familiar, e também nos demais relacionamentos interpessoais. Por meio dele, podemos nos desprender das atitudes de consumo exagerado e, portanto, chegar à liberdade interior. Deixamos de ser escravos das coisas para assumirmos nossa condição de filhos do Pai amoroso.

O jejum nos leva a dizer ao nosso corpo que quem está no comando da nossa vida é a nossa alma e não as nossas paixões desordenadas.

Tão importante é o jejum que, em outra parte do Evangelho, Jesus afirma que alguns tipos de demônio só podem ser expulsos à força da oração e do jejum (Mt 17,21). Será que não existe algum mal na sua casa que ainda não foi embora por falta de jejum?

QUEM E COMO – A prática do jejum na Igreja

O quarto mandamento da Igreja recomenda aos fiéis: “Jejuar e abster-se de carne, quando manda a Santa Mãe Igreja”. Este mandamento contribui para nos fazer adquirir domínio sobre os nossos instintos e a liberdade de coração. (CIC 2043).

Mas a quem se refere esse mandamento? O Código de Direito Canônico orienta que: “Estão obrigados à lei da abstinência os que completaram catorze anos de idade; à lei do jejum estão sujeitos todos os maiores de idade até terem começado os sessenta anos. Todavia os pastores de almas e os pais procurem que, mesmo aqueles que, por motivo de idade menor não estão obrigados à lei da abstinência e do jejum, sejam formados no sentido genuíno da penitência” (cânon 1252). Ou seja, todos os que são maiores de idade e que ainda não chegaram à velhice devem jejuar.

Como podemos fazer o jejum? Existem várias formas, algumas mais severas, outras mais brandas. Descrevemos aqui o Jejum da Igreja, consagrado pela tradição ao longo dos séculos. É uma forma mais fácil de jejuar, mas nem por isso deixa de ser uma forma de penitência eficaz. Neste tipo de jejum, a pessoa deve tomar o café da manhã normalmente e depois fazer mais uma refeição simples no dia (almoço ou jantar). A refeição que não será feita deve ser substituída por um lanche simples. Durante o dia, a pessoa não deve consumir guloseimas como doces, balas, chocolates, biscoitos, etc, sendo importante a disciplina. No jejum da Igreja, não existe um horário para o término do jejum, o dia inteiro deve ser penitencial.

QUANDO DEVEMOS JEJUAR – O que a Igreja recomenda

Devemos jejuar sempre que for necessário, mas o Código de Direito Canônico orienta o seguinte:

Cân. 1250 — Os dias e tempos de penitência na Igreja universal são todas as sextas-feiras do ano e o tempo da Quaresma.

Cân. 1251 — Guarde-se a abstinência de carne ou de outro alimento segundo as determinações da Conferência episcopal, todas as sextas-feiras do ano, a não ser que coincidam com algum dia enumerado entre as solenidades; a abstinência e o jejum na quarta-feira de Cinzas e na sexta-feira da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Cân. 1253 — A Conferência episcopal pode determinar mais pormenorizadamente a observância do jejum e da abstinência, e bem assim substituir outras formas de penitência, sobretudo obras de caridade e exercícios de piedade, no todo ou em parte, pela abstinência ou jejum.

Vejam que o direito canônico delega às Conferências Episcopais a determinação a respeito destas práticas penitenciais. A Conferência Nacional dos Bispos no Brasil (CNBB) determina a este respeito: “Toda sexta-feira do ano é dia de penitência, a não ser que coincida com solenidade do calendário litúrgico. Os fiéis nesse dia se abstenham de carne ou outro alimento, ou pratiquem alguma forma de penitência, principalmente obra de caridade ou exercício de piedade. A quarta-feira de cinzas e a sexta-feira santa, memória da Paixão e Morte de Cristo, são dias de jejum e abstinência…” (CNBB – Legislação Complementar ao Código de Direito Canônico quanto aos cânones 1251 e 1253).

Destas orientações da CNBB é possível concluir que os fiéis continuam sendo convidados à penitência em todas as sextas-feiras do ano – que não coincidam com solenidades – por meio da abstinência da carne ou outro alimento ou pratiquem nesse dia obras de caridade ou piedade. Já na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira da Paixão, somos convidados a fazer também o jejum.

Que grande alegria é saber que todos os fiéis estão praticando penitência juntos. Nestes momentos, nós, Igreja militante aqui na terra, nos unimos à Igreja triunfante do Céu e intercedemos pela salvação de todas as almas, inclusive as nossas!

Por fim, é preciso deixar claro que toda regulamentação das práticas espirituais pela Igreja é importante, mas devemos ir além! Da mesma forma que não devemos agredir as pessoas que amamos simplesmente porque existe uma lei que proíbe isso, também devemos jejuar não porque há leis na Igreja a respeito, mas principalmente porque amamos a Deus e queremos servi-lo melhor na nossa família.

Maria, Porta do Céu, ajuda-nos a usarmos melhor as armas espirituais para derrotar o mal na nossa casa!

Um abraço, fiquem com Deus.

Márcia e Ronaldo

Comunidade Sara e Tobias

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