7 inimigos que você precisa vencer nesta Quaresma – Evangelho para o Casal / 8º Domingo do Tempo Comum – Lc 6,39-45

Vocês estão dispostos a lutar contra tudo que pode atrapalhar a ação de Deus no mundo?

No Evangelho deste último domingo, Jesus nos fala que o discípulo do Senhor precisa ser bem formado (v.40), para estar preparado para a batalha espiritual. Mas lutar contra quem? Em certo sentido, temos duas principais lutas, uma externa e outra interna.

Nós temos que travar estas duas batalhas, contra os inimigos externos, que querem destruir a família natural, corromper as crianças, relativizar a sacralidade da vida que deve ser protegida desde a concepção até o seu fim natural, e combater as culturas da morte e do descarte do ser humano.

Mas não podemos descuidar das lutas internas! Em certo sentido, estas acabam sendo mais importantes do que as lutas externas, pois podem nos tirar o Céu… Por isso, Jesus deixa claro que, antes de querer ensinar qualquer coisa a alguém, devemos derrotar estes inimigos internos: “Por que vês o cisco no olho do teu irmão, e não percebes a trave que há no teu próprio olho? Como podes dizer a teu irmão: irmão, deixa-me tirar o cisco do teu olho, quando tu não vês a trave no teu próprio olho? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás enxergar bem para tirar o cisco no olho do teu irmão” (vv.41-42).

Do ponto de vista prático, como podemos fazer isso? Como católicos que querem viver o plano de amor de Deus, como fazer isso no casamento? Nós temos sete principais pecados, que a Tradição da Igreja chamou de pecados capitais. O Catecismo da Igreja Católica diz o seguinte a respeito: “São chamados capitais porque geram outros pecados, outros vícios. São o orgulho, a avareza, a inveja, a ira, a impureza, a gula, a preguiça ou acídia” (CIC, 1866). Apesar do uso frequente, a palavra pecado não é a melhor maneira para designá-los, porque não se tratam de pecados propriamente ditos, mas de tendências desordenadas, que nos levam a pecar e que podem se tornar verdadeiros vícios.

Como estamos prestes a iniciar a Quaresma, podemos fazer um ou mais propósitos de lutar contra estas tendências. Vamos explicar melhor cada um dos pecados capitais e como podemos combatê-los neste tempo forte de conversão.

Orgulho

O orgulho ou vaidade, conhecida como soberba, é o primeiro e mais tenebroso pecado capital segundo os Padres da Igreja, pois foi por meio dele que Lúcifer e os demais anjos maus se rebelaram contra Deus. A pessoa soberba se acha cheia de si mesma e pensa que é a própria autora do que tem ou faz de bom, e acaba se esquecendo de que tudo vem de Deus.

Dentro do nosso casamento, o orgulho faz com que os casais não se perdoem após uma falha do cônjuge, ou ainda que tentem sempre ter razão numa discussão, ao invés de silenciar e esperar o melhor momento para conversar.

Para combater o orgulho, precisamos cultivar a virtude da humildade. Podemos fazer isso por meio do perdão frequente e da Partilha a Três (diálogo conjugal na presença de Jesus).

Avareza

É o apego excessivo e descontrolado pelos bens materiais e pelo dinheiro, colocando neles nossa segurança. É uma forma de idolatria, pois o dinheiro acaba ocupando o lugar que seria de Deus no coração. O avarento tem uma ideia errada da realidade, pois tudo o que temos vem de Deus, que sustenta o nosso ser.

Dentro do nosso casamento, a avareza faz com que os casais se dediquem excessivamente para aumentar os rendimentos, abrindo mão do convívio conjugal e familiar. Inclusive, para muitos casais, os filhos são tratados como gastos a mais e não como dons de Deus.

Para combater a avareza, devemos nos abrir à generosidade, ajudando as pessoas que estão ao nosso redor de forma material. Além disso, podemos nos abrir a ter mais filhos, dentro dos princípios da paternidade e maternidade responsáveis.

Inveja

Por meio da inveja, ignoramos todas as bênçãos que Deus nos dá todos os dias, inclusive tudo o que somos e possuímos, e cobiçamos o que é do próximo. Diferente da avareza, que é um desejo de riqueza material, o invejoso fica olhando para o outro com suas posses, status, habilidades, ao invés de buscar o próprio crescimento espiritual por meio das condições que Deus lhe dá.

Dentro do casamento, a inveja faz com que os cônjuges não se alegrem com o sucesso do outro e se crie um clima de rivalidade dentro da própria casa. A inveja faz com que um cônjuge se sinta inferior ao outro, ao invés de vê-lo como uma missão e um projeto de santidade que Deus lhe deu.

Para combater a inveja, temos que ter uma vida de oração pessoal e conjugal, para agradecer diariamente tudo o que temos e somos. Além disso, precisamos louvar a Deus pelos dons que Ele deu aos outros.

Outra forma que podemos combatê-la é por meio da Partilha a Três, momento em que podemos trazer a luz de Jesus para nossos complexos e inseguranças escondidos que podem gerar grandes crises conjugais.

Ira

A ira é um intenso e descontrolado sentimento de raiva, ódio e rancor. É uma desordem que faz com que a pessoa se sinta impulsionada a descarregar sua raiva no outro por meio de palavras ou atitudes. Com moderação, a ira pode até nos ajudar a ser pessoas melhores por meio da luta interior.

Dentro do casamento, a ira faz com que os cônjuges não tenham paciência um com o outro, gerando atitudes de mau-humor, irritação desmedida, gestos e palavras violentas, chegando mesmo a atitudes de vingança.

Para combater a ira, precisamos domar as nossas emoções por meio da temperança. Esta virtude pode crescer em nós por meio de mortificações e da constância na oração.

Impureza

A impureza, também chamada de luxúria, é uma paixão egoísta por todo prazer sensual e material. O prazer sexual foi criado por Deus para que o casal, dentro do Sacramento do Matrimônio, se unisse de corpo e de alma. É na beleza deste profundo momento de intimidade que se pode até gerar uma nova vida. Mas a impureza faz com que tenhamos uma sexualidade diferente do plano de amor de Deus, com relações sexuais pré-maritais, coabitação, contracepção e várias outras desordens.

Dentro do nosso casamento, a luxúria nos leva a tratar o corpo do cônjuge como um simples objeto, como se fossemos livres para fazer com ele o que se quer, ao invés de tratá-lo como um templo do Espírito Santo.

Para combater a impureza dentro do nosso casamento, temos que desenvolver a castidade conjugal. Por meio dela, precisamos tratar o corpo do nosso cônjuge com respeito, evitando fazer qualquer coisa que atente contra a sua dignidade. Além disso, essa virtude nos ajudará a sermos fiéis ao cônjuge, evitando qualquer tipo de pornografia e intimidade com pessoas do outro sexo.

Gula

A gula é o desejo insaciável, além do necessário, em geral por comida ou bebida. Não é um ‘pecadinho’ qualquer, pois pode nos roubar o Céu. A gula desequilibra outras áreas da nossa vida, pois atinge a nossa saúde física e espiritual, pois está relacionada à luxúria e à preguiça.

Dentro do casamento, esta paixão pode levar o casal a condicionar a felicidade ao consumo exagerado de alimentos e bebidas e até mesmo a uma sexualidade desordenada. A gula rouba as disposições interiores do casal de serem pessoas melhores, de procurarem o cultivo da espiritualidade conjugal e familiar.

Da mesma forma que combatemos a luxúria, precisamos controlar nossos apetites sensitivos por meio da virtude da temperança. Podemos fazer com que esta virtude cresça na nossa casa por meio da sobriedade na nossa alimentação e por meio do jejum.

Preguiça

A preguiça é uma desordem que nos leva a uma apatia com as coisas da nossa vida secular, mas também com relação à nossa espiritualidade. O trabalho não é um castigo divino, mas uma forma de continuar a atividade criadora de Deus. Lembremos que o próprio Jesus passou 30 anos na humildade da carpintaria de Nazaré. Ou seja, Ele passou a maior parte da sua vida terrena como um trabalhador braçal, fazendo com que o trabalho justo fosse santo e fonte de santificação pessoal.

Dentro do casamento, esse pecado capital faz com que os casais não vejam a grande oportunidade de santificação no dia-a-dia da vida secular, seja trabalhando fora de casa, seja dentro do lar com os afazeres domésticos e com o cuidado com os filhos. A preguiça faz com que os casais não cultivem a espiritualidade conjugal e familiar, deixando de participar dos Sacramentos da Igreja e não rezando em casa com a oração do terço, nas refeições e ao acordar e deitar.

Podemos combater a preguiça por meio da diligência, que é a virtude que nos leva a ter atitude de prontidão e fazer o que precisa ser feito agora e não para depois. Ainda que o lazer e o descanso sejam importantes, precisamos estar prontos a todo momento para executar nossas missões de cônjuges, de pais e de mães, e de cristãos trabalhadores.

Combater os nossos inimigos interiores é uma tarefa difícil, mas não impossível, pois contamos com a Graça de Deus. Lembremos que ser santos é um compromisso que fazemos no nosso Batismo.

O tempo da Quaresma é propício para lutarmos contra os pecados, desordens e vícios por meio da oração, da esmola e do jejum, e também pela prática das virtudes.

Muitas vezes, ficamos perdendo tempo pensando em lutas imaginárias, que estão distantes de nós, e negligenciamos estas batalhas interiores. No entanto, é no combate destas tendências que nos levam a pecar que iremos realizar o grande projeto de santidade que Deus tem para o nosso casamento.

Maria, Porta do Céu e Rainha da paz, rogai para que vençamos os inimigos do nosso casamento!

Um abraço, fiquem com Deus.

Márcia e Ronaldo

Comunidade Sara e Tobias

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