Seja um profeta do amor na sua casa – Evangelho para o Casal / 4º Domingo do Tempo Comum – Lc 4,21-30

O Evangelho de hoje é a continuação do relato do evangelista São Lucas que apresenta Jesus na sinagoga de Nazaré. Após fazer a leitura, Jesus se identificou com o Messias prometido. Depois disso, podemos ver as diferentes reações do povo frente às Suas palavras. Alguns, admirados e encantados com elas, davam testemunho d’Ele. Outros, não entendiam como aquele jovem, o filho de José, o carpinteiro, poderia ser o Messias (v.22). Vendo a dureza do seu coração, Jesus disse: “Em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria” (v.24).

Jesus não se intimidou frente às atitudes hostis dos seus conterrâneos e continuou o seu caminho mesmo diante das ameaças que fizeram contra Ele (v.30). Nós, como casais, também devemos ser profetas na nossa própria casa. Mas sejamos profetas do amor, por mais difícil que isso seja.

A segunda leitura nos dá pistas preciosas de como fazer isso no nosso lar. Ela traz um dos mais completos relatos da caridade nas Sagradas Escrituras: “A caridade é paciente, é benigna; não é invejosa, não é vaidosa, não se ensoberbece; não faz nada de inconveniente, não é interesseira, não se encoleriza, não guarda rancor; não se alegra com a iniquidade, mas se regozija com a verdade. Suporta tudo, crê tudo, espera tudo, desculpa tudo” (1Cor 13,4-7).

Na Exortação Apostólica Amoris laetitia, o Papa Francisco faz uma bela catequese desta passagem ao falar sobre o amor conjugal e familiar. Trazemos aqui alguns trechos deste documento.

O amor é paciente

Ter paciência não é deixar que nos maltratem permanentemente, nem tolerar agressões físicas, ou permitir que nos tratem como objetos. O problema surge quando exigimos…, …que as pessoas sejam perfeitas, ou quando nos colocamos no centro esperando que se cumpra unicamente a nossa vontade. Então tudo nos impacienta, tudo nos leva a reagir com agressividade. (AL, 92).

O amor é benigno

No conjunto do texto, vê-se que Paulo quer insistir que o amor não é apenas um sentimento, mas deve ser entendido no sentido que o verbo “amar” tem em hebraico: “fazer o bem”. Como dizia Santo Inácio de Loyola, “o amor deve ser colocado mais nas obras do que nas palavras”. (AL, 94).

O amor não é invejoso

Enquanto o amor nos faz sair de nós mesmos, a inveja leva a centrar-nos em nós próprios. O verdadeiro amor aprecia os sucessos alheios, não os sente como uma ameaça, libertando-se do sabor amargo da inveja. (AL, 95).

O amor não é vaidoso, não se ensoberbece

Por outras palavras, alguns julgam-se grandes, porque sabem mais do que os outros, dedicando-se a impor-lhes exigências e a controlá-los; quando, na realidade, o que nos faz grandes é o amor que compreende, cuida, integra, está atento aos fracos (AL, 97).

Na vida familiar, não pode reinar a lógica do domínio de uns sobre os outros, nem a competição para ver quem é mais inteligente ou poderoso, porque esta lógica acaba com o amor (AL, 98).

O amor não faz nada de inconveniente

A fim de se predispor para um verdadeiro encontro com o outro, requer-se um olhar amável pousado nele. Isto não é possível quando reina um pessimismo que põe em evidência os defeitos e erros alheios, talvez para compensar os próprios complexos. Um olhar amável faz com que nos detenhamos menos nos limites do outro, podendo assim tolerá-lo e unirmo-nos num projeto comum, apesar de sermos diferentes (AL, 100).

O amor não é interesseiro

…este hino à caridade afirma que o amor “não procura o seu próprio interesse”, ou “não procura o que é seu”. (AL, 101).

O amor não se encoleriza

Trata-se de uma violência interna, uma irritação recôndita que nos põe à defesa perante os outros, como se fossem inimigos molestos a evitar. Alimentar esta agressividade íntima, de nada aproveita. Serve apenas para nos adoentar, acabando por nos isolar. (AL, 103).

Por isso, nunca se deve terminar o dia sem fazer as pazes na família. “E como devo fazer as pazes? Ajoelhar-me? Não! Para restabelecer a harmonia familiar basta um pequeno gesto, uma coisa de nada. É suficiente uma carícia, sem palavras. Mas nunca permitais que o dia em família termine sem fazer as pazes”. (AL, 104).

O amor não guarda rancor

Quando estivermos ofendidos ou desiludidos, é possível e desejável o perdão; mas ninguém diz que seja fácil. A verdade é que a comunhão familiar só pode ser conservada e aperfeiçoada com grande espírito de sacrifício. (AL, 106).

O amor não se alegra com a iniquidade, mas se regozija com a verdade

Por outras palavras, alegra-se com o bem do outro, quando se reconhece a sua dignidade, quando se apreciam as suas capacidades e as suas boas obras. (AL, 109).

A família deve ser sempre o lugar onde uma pessoa que consegue algo de bom na vida, sabe que ali se vão congratular com ela. (AL, 110).

O amor tudo desculpa

Os esposos, que se amam e se pertencem, falam bem um do outro, procuram mostrar mais o lado bom do cônjuge do que as suas fraquezas e erros. Em todo o caso, guardam silêncio para não danificar a sua imagem. Mas não é apenas um gesto externo, brota duma atitude interior. (AL, 113).

O amor tudo crê

Não é necessário controlar o outro, seguir minuciosamente os seus passos, para evitar que fuja dos meus braços. O amor confia, deixa em liberdade, renuncia a controlar tudo, a possuir, a dominar. (AL, 115).

O amor tudo espera

Ligado à palavra anterior, indica a esperança de quem sabe que o outro pode mudar; sempre espera que seja possível um amadurecimento, um inesperado surto de beleza, que as potencialidades mais recônditas do seu ser germinem algum dia. (AL, 116).

O amor tudo suporta

Na vida familiar, é preciso cultivar esta força do amor, que permite lutar contra o mal que a ameaça. O amor não se deixa dominar pelo ressentimento, o desprezo das pessoas, o desejo de se lamentar ou vingar de alguma coisa. O ideal cristão, nomeadamente na família, é amor que apesar de tudo não desiste. (AL, 119).

Façamos como São João Bosco, cuja memória celebramos no dia 31 de janeiro. Mesmo contra todas as adversidades, profetizou o amor de Deus a seus filhos espirituais e, por meio da sua vida, criou uma escola de santidade.

Maria, Porta do Céu, que sejamos uma profecia de amor na nossa casa!

Um abraço, fiquem com Deus.

Márcia e Ronaldo

Comunidade Sara e Tobias

Ano 3 – nº 109

30/01/2022

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