Família digital ou Família de Jesus, Pão da Vida? – Evangelho para o Casal / 18º Domingo do Tempo Comum – Jo 6,24-35

Neste domingo, o Evangelho narrado por São João nos traz o início do discurso de Jesus sobre o Pão da Vida, no qual Ele nos alerta: “Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará” (v.27). E depois Ele complementa: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede” (v.35).

Esta afirmação de Jesus é uma clara referência à Eucaristia na qual Ele se dá inteiramente a nós no pão e vinho transformados no Seu Corpo e no Seu Sangue.  Jesus também quer chamar nossa atenção para aquilo que deve ser o essencial para nossa a vida: crer n’Ele e nos esforçar para estar sempre com Ele.

Casal, Jesus é o Pão da vida da sua família? Podemos responder essa pergunta nos questionando sobre aquilo que ocupa a maior parte do nosso tempo e dos nossos pensamentos.

Vivemos ao longo dos últimos anos um avanço da ‘pandemia’ do uso das tecnologias de informação que são instrumentos eficientes de comunicação. Se usados com equilíbrio, são de grande utilidade para a sociedade em geral e poderosos veículos para evangelização, porém, quando utilizados de forma exagerada, se transformam em armadilhas para a vida familiar.

A grande tentação deste mundo imediatista que vivemos é termos tudo num simples clique, sem esforço algum, tanto que as pessoas perdem a noção da quantidade de horas que passam em frente às telas.

É tão grande o impacto das novas tecnologias na vida familiar que já se cunhou o termo ‘família digital’.

Para saber se somos uma família digital em que as novas mídias tiram o lugar do essencial ou uma família onde os meios de comunicação são secundários e não substituem o principal que é Jesus, o Pão da vida, vejamos a rotina de cada uma delas:

Os cônjuges da família digital assim que acordam, já pegam o celular para ver as últimas mensagens do WhatsApp. Daí em diante, esposo e esposa seguem o dia conectados, não entre si, mas aos aparelhos eletrônicos.

Na família em que Jesus é o essencial, cada cônjuge, assim que acorda, traça sobre si o sinal da cruz e faz uma breve oração agradecendo pela noite e pedindo pelo dia que começa. Se o outro também acorda, lhe dá um abraço ou beijo antes de pegar qualquer aparelho eletrônico.

Na família digital, tanto o casal quantos os filhos levam seus celulares para a mesa na hora das refeições, comem olhando para a tela, enviando e recebendo mensagens ou notificações de aplicativos, ouvindo áudios ou ainda assistindo vídeos. Com frequência, os pais também levam à mesa um tablet para distrair os pequenos e o notebook, pois trabalham via remota mesmo durante estes momentos e não podem ‘perder o seu tempo’ com a convivência familiar. Muitas vezes, os membros da família digital nem se sentam juntos à mesa: comem assistindo TV e ainda cada um num cômodo da casa.

Nas refeições da família onde Jesus é verdadeiramente o Pão da vida é proibido levar o celular ou qualquer outro aparelho eletrônico para a mesa, pois o horário da refeição é um momento sagrado de convivência familiar, onde se partilha da vida e do alimento e todos rezam juntos agradecendo a Deus por aquela refeição.

Quando o casal digital vai para algum local de lazer como uma lanchonete ou restaurante, cada um dos cônjuges fica com os olhos fixos no seu smartphone, porque acreditam que o mais importante é relacionar-se com as pessoas que estão distantes e não o outro que está à sua frente. Com frequência, nem sequer trocam algumas palavras. Em algumas ocasiões, juntam os rostos e sorriem para tirar uma selfie e postar nas mídias, pois os amigos virtuais devem saber onde e como eles estão.

Quando o casal que tem Jesus como o Pão da vida sai para uma refeição fora de casa, os cônjuges conversam! Eles partilham da sua vida, dos seus sentimentos, olham nos olhos um do outro, riem e choram juntos. Apreciam essa oportunidade de estarem juntos e dão importância à presença real do outro, não às pessoas virtuais. Este casal também gosta de tirar fotos, pois querem guardar uma recordação daquele momento que tiveram.

O casal digital não gosta muito de se dedicar à convivência real e nem ao diálogo. Quando o cônjuge está falando, se pudesse, gostaria de apertar algum botão para que ele falasse na velocidade 1,5 ou 2,0 e a conversa terminasse mais rápido… Assim teria mais tempo de fazer outras coisas que não exigem esforço, como ver e atualizar os stories do Instagram ou o feed de notícias do Facebook, pois têm que estar antenados nas atualizações de todos aqueles que estão seguindo e atualizar seus próprios status: afinal, não podem deixar passar algo que lhes ‘encanta’ ou ‘espanta’ sem compartilhar nas suas mídias. Fazem todo esforço necessário para aumentar o número de seguidores, curtidas e compartilhamentos.

Na família onde Jesus é o Pão da vida, o casal reza junto, o casal conversa, o casal tem tempo para ouvir o outro, ainda que seu ‘tempo’ seja corrido. Um valoriza e acolhe o que o outro diz. Nem sempre concordam com tudo e, às vezes, passam por crises, mas sabem pedir perdão e perdoar. Eles têm consciência de que a principal comunicação deles tem que ser com Deus e entre eles mesmos.

Quando o casal digital tem filhos pequenos, estes já acordam com as notificações dos joguinhos instalados no tablet ou no smartphone. Várias crianças não alfabetizadas já têm o seu próprio aparelho, pois os pais não querem ficar emprestando o seu celular. Os dedinhos dos pequenos deslizam nas telas com tanta facilidade que parece que já nasceram sabendo manusear o dispositivo digital. Muitos sequer sabem se os filhos estão postando ou vendo alguma foto provocante em alguma mídia ou mesmo um vídeo de dança sensual no Tik Tok. Para eles, é muito mais fácil dar o celular para a criança do que parar para lhe dar atenção ou incluí-la na sua rotina. Os pais digitais deixam de ser os modelos e os heróis de seus filhos, pois não conseguem competir com os Youtubers mais badalados do momento.

O casal que tem Jesus como o Pão da vida senta-se para brincar com os filhos pequenos, ensina-os a juntar os brinquedos que foram espalhados pela casa durante o dia, conta-lhes histórias na hora de dormir e os ensina a rezar.

Quando as famílias digitais se reúnem, as crianças não brincam mais de esconde-esconde, de pega-pega ou de alguma brincadeira que envolva esforço físico. Ficam bravas quando alguém propõe um jogo de tabuleiro… As crianças digitais até ficam no mesmo ambiente, mas cada uma no seu mundinho virtual. Elas não se relacionam entre si, mesmo se estão uma do lado da outra. Se dependesse delas, preferiam ficar em casa e interagir somente com os amigos virtuais por meio de algum game.

É bonito ver as reuniões das famílias onde Jesus é o Pão da vida. Acontece uma coisa quase inacreditável: as crianças brincam umas com as outras sem um aparelho eletrônico na mão! Elas costumam se divertir tanto que até reclamam na hora de ir embora… Os pais estimulam estes momentos, pois sabem que a brincadeira infantil é coisa séria e que ajuda no desenvolvimento físico, psíquico e espiritual das crianças.

Os filhos adolescentes e jovens das famílias digitais são mais conectados ainda. São especialistas na comunicação via mídias, mas têm dificuldades nos relacionamentos reais. Lamentavelmente, já desenvolveram dependência das telas. Tanto é que, se quiser vê-los extremamente irritados é só retirar o celular deles ou desligar o Wi fi de internet da casa ou do local onde estão…

A família onde Jesus é o Pão da vida também gosta de ir com os filhos, tanto as crianças quanto adolescentes e jovens para atividades de lazer onde há natureza. Sabem que isso ajuda na contemplação da presença de Deus na criação e que estes momentos não serão esquecidos por eles quando se tornarem adultos.

Mesmo dentro da igreja, a família digital não se desconecta e muitas vezes até atende o celular no meio de missa. Desbloqueia a tela do smartphone a cada minuto para poder ver se chegou alguma notificação ou atualização de postagem. Quando têm filhos pequenos, deixam que brinquem com algum jogo no celular para que permaneçam quietos dentro do templo.

A família onde Jesus é o Pão da vida faz questão de levar os filhos na igreja desde pequenos. Os pais sabem que com isso estão desenvolvendo a fé nas crianças. Lá, eles fazem de tudo para que as crianças prestem atenção na missa, sem qualquer aparelho na mão. Algumas até dão muito trabalho para os pais, pois tem grande energia para gastar, mas, mesmo que elas façam barulho ou chorem, não desistem de levá-las consigo, pois sabem que Deus gosta de ouvir o som das crianças.

Para a família digital, Jesus não é o Pão da vida. No máximo, Ele é um aperitivo para consumir em alguma data especial ou mesmo para pedir ajuda nos momentos difíceis. Mas, por incrível que pareça, por mais amigos virtuais, seguidores e curtidas nas postagens que os membros da família digital tenham, eles têm uma profunda solidão e uma angústia que nada consegue saciar.

A família onde Jesus é o Pão da vida não é uma família de comercial de margarina, mas sim uma família com uma fé encarnada, onde Jesus se faz presente no dia-a-dia. Eles também brigam e têm grandes sofrimentos; quando magoam um ao outro, deixam Deus agir por meio do perdão.

Lá na família onde Jesus é o Pão da vida tem bastante barulho, pois os filhos, sejam crianças, adolescentes ou jovens, não ficam anestesiados pelas mídias. Eles conversam, riem e brincam bastante. Volta e meia tem um filho chorando e alguém emburrado, mas até nestes conflitos Deus se faz presente.

Ah, a família onde Jesus é o Pão da vida também usa as tecnologias de informação e a mídias digitais. Mas, para esta família, esses recursos são um ‘meio’ e não um ‘fim’ e Deus continua sendo o principal na vida delas.

Com esta comparação da família digital com a família que tem Jesus como Pão da vida, não queremos demonizar as novas mídias digitais e as tecnologias de informação, muito menos propor uma família ideal e perfeita. As novas mídias são excelentes ferramentas de trabalho e de estudo. São ótimas formas de se relacionar com amigos e familiares, e também para compartilhar momentos da vida. O grande problema é que esses meios de comunicação são bons servos, mas péssimos senhores. Elas devem estar ao serviço da família e não o contrário.

Não podemos deixar que as novas mídias sejam armadilhas para prejudicar o diálogo do casal e a convivência familiar. Vários casamentos estão sendo destruídos pelo uso irracional destas tecnologias, que inclusive abrem oportunidades para pornografia e para o adultério.

Não sabemos como é a sua família, nem se, de fato, existem estes comportamentos nocivos na sua casa. Mas uma coisa é certa: Jesus quer e precisa ser o mais importante no seu lar. Ele é o verdadeiro Pão da vida da sua família.

Maria, Porta do Céu, interceda para que Jesus seja o principal alimento da nossa casa!

Um abraço, fiquem com Deus!

Márcia e Ronaldo

Comunidade Sara e Tobias

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