Queridos casais, é com grande alegria que mais uma vez estamos aqui para uma reflexão do Evangelho para o casal.
A narração do evangelho de hoje é a continuação do episódio em que Jesus caminha ao lado dos discípulos de Emaús e, quando estão com Ele em casa, O reconhecem ao partir o pão.
Este trecho relata o retorno destes dois discípulos a Jerusalém que, encontrando os apóstolos reunidos, anunciaram o que havia acontecido no caminho e como tinham reconhecido Jesus.
Em seguida, o próprio Jesus se apresenta a todos. E, ainda que Ele já tivesse se manifestado a alguns dos discípulos após Sua ressurreição, eles ficaram assustados e cheios de medo quando Jesus se colocou no meio deles e lhes desejou a paz. E mesmo quando o Senhor lhes mostrou as chagas das suas mãos e dos seus pés que foram pregados na cruz, “não podiam acreditar, porque estavam muitos alegres e surpresos” (v. 41).
Que grande contradição e falta de esperança encontramos aqui no coração dos discípulos. Tristeza que causa medo, alegria que causa surpresa.
Quantos de nós também muitas vezes não nos sentimos desse jeito diante das inquietações do nosso coração e dos desafios que vivemos no nosso casamento? A promessa que fizemos diante do Altar do Senhor, de viver a fidelidade e o amor, na alegria e na tristeza, se esvazia, pois deixamos de acreditar que pelo sacramento do Matrimônio somos auxiliados pela graça de Deus.
Devemos recordar que, com a Sua Paixão, morte e ressurreição, Jesus venceu o demônio, o pecado e a morte. Essa tríplice vitória transborda para todos nós que somos Igreja.
Mas então porque então existem tantas feridas nos casamentos e nas famílias?
Primeiramente precisamos saber que nós, enquanto ainda estivermos neste mundo, ainda sofreremos as ações dos mesmos inimigos de Jesus, principalmente do pecado e do demônio.
Depois, Jesus não prometeu ausência de dores ou problemas aos seus discípulos. Pelo contrário, Ele mostrou o caminho da salvação pelo seu próprio sofrimento. Tanto que a tradição afirma que os apóstolos, com exceção de São João, sofreram pelo Evangelho até o martírio.
Ao mostrar Suas chagas gloriosas, Jesus ensina que nós não devermos ter medo das feridas, pois o sofrimento é uma das formas de demonstrar amor.
O Papa Francisco afirma que: “As chagas de Jesus são um escândalo para a fé, mas são também a comprovação da fé. Por isso, no corpo de Cristo ressuscitado as chagas não desaparecem, permanecem, porque aquelas chagas são o sinal permanente do amor de Deus por nós e são indispensáveis para crer em Deus. Não para crer que Deus existe, mas para crer que Deus é amor, misericórdia, fidelidade. São Pedro, citando Isaías, escreve aos cristãos: “As Suas feridas curaram-nos” (1Pd 2,24; cf. Is 53,5)”.
Além disso, no nosso casamento e na nossa família, podemos ajudar no projeto de salvação de Jesus, conforme fala São Paulo: “Completo em minha carne o que falta à paixão de Cristo, por seu corpo que é a Igreja” (Cl 1,24). Se aceitamos as dificuldades da nossa missão de ser casado e da nossa missão de ser pai ou mãe por amor a Deus, essas cruzes se tornam fecundas para nossa salvação.
Jesus nos convida hoje a olharmos e tocarmos em Suas chagas gloriosas para que sejamos curados e assim nos tornemos testemunhas da vida que vence a morte e o pecado, e anunciemos a todos a ressurreição de Jesus na nossa família.
E no dia do Juízo Final, quando nos encontrarmos face a face com Jesus, também poderemos mostrar as nossas feridas de amor e dizer: “Veja, Senhor, apesar de toda dificuldade, eu não desisti do meu casamento e da minha família!”
Maria, Porta do Céu, esconde-nos nas chagas gloriosas de Jesus!
Um abraço, fiquem com Deus
Márcia e Ronaldo
Comunidade Sara e Tobias