Tenhamos um coração de pai, assim como São José Evangelho para o Casal / 20º Domingo do Tempo Comum – Lc 12,49-53

O Evangelho de hoje nos mostra um comportamento de Jesus não habitual, como que enfurecido: “Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso! Devo receber um batismo, e como estou ansioso até que isto se cumpra!” (vv.49-50).

Jesus não quis provocar medo com estas palavras, mas nos alertar para a necessidade de avançar no processo da nossa conversão. De fato, muito mais do que nos dar uma sensação de bem-estar ou um conforto psicológico, Jesus quer de nós uma verdadeira transformação interior. Ele quer que abandonemos nosso comportamento egoísta e que possamos nos doar aos outros, de modo particular ao nosso cônjuge e filhos. Quer que sejamos pais e mães conforme o Seu coração.

Neste segundo domingo do mês de agosto, celebramos o Dia dos Pais. As palavras do Evangelho nos convidam a exercermos nossa paternidade e maternidade de forma mais vigorosa, com o fogo do Espírito Santo. Mas como fazer isso?

Temos um grande modelo a seguir na figura de São José. O Papa Francisco escreveu uma bela carta apostólica sobre este santo tão querido, Patris Corde, onde nos mostra que São José cuidou de Jesus com um coração de pai. Traremos aqui algumas partes deste escrito do Papa Francisco para nossa reflexão:

Com coração de pai: assim José amou a Jesus

Com coração de pai: assim José amou a Jesus, designado nos quatro Evangelhos como ‘o filho de José’.

Depois de Maria, a Mãe de Deus, nenhum Santo ocupa tanto espaço no magistério pontifício como José, seu esposo.

A grandeza de São José consiste no facto de ter sido o esposo de Maria e o pai de Jesus. São Paulo VI faz notar que a sua paternidade se exprimiu, concretamente, ‘em ter feito da sua vida um serviço, um sacrifício, ao mistério da encarnação e à conjunta missão redentora; em ter usado da autoridade legal que detinha sobre a Sagrada Família para lhe fazer dom total de si mesmo, da sua vida, do seu trabalho; em ter convertido a sua vocação humana ao amor doméstico na oblação sobre-humana de si mesmo, do seu coração e de todas as capacidades no amor colocado ao serviço do Messias nascido na sua casa’.

José foi chamado por Deus para servir Jesus mediante o exercício da sua paternidade

Na sua função de chefe de família, José ensinou Jesus a ser submisso aos pais (cf. Lc 2, 51), segundo o mandamento de Deus (cf. Ex 20, 12).

Vê-se, a partir de todas estas vicissitudes, que ‘José foi chamado por Deus para servir diretamente a Pessoa e a missão de Jesus, mediante o exercício da sua paternidade: desse modo, precisamente, ele coopera no grande mistério da Redenção, quando chega a plenitude dos tempos, e é verdadeiramente ministro da salvação’.

José não é um homem resignado passivamente. O seu protagonismo é corajoso e forte. O acolhimento é um modo pelo qual se manifesta, na nossa vida, o dom da fortaleza que nos vem do Espírito Santo. Só o Senhor nos pode dar força para acolher a vida como ela é, aceitando até mesmo as suas contradições, imprevistos e desilusões.

Assim, longe de nós pensar que crer signifique encontrar fáceis soluções consoladoras. Antes, pelo contrário, a fé que Cristo nos ensinou é a que vemos em São José, que não procura atalhos, mas enfrenta de olhos abertos aquilo que lhe acontece, assumindo pessoalmente a responsabilidade por isso.

São José continua a proteger a Igreja, o Menino e sua mãe 

No fim de cada acontecimento que tem José como protagonista, o Evangelho observa que ele se levanta, toma consigo o Menino e sua mãe e faz o que Deus lhe ordenou (cf. Mt 1, 24; 2, 14.21).

Com efeito, Jesus e Maria, sua mãe, são o tesouro mais precioso da nossa fé.

Sempre nos devemos interrogar se estamos a proteger com todas as nossas forças Jesus e Maria, que misteriosamente estão confiados à nossa responsabilidade, ao nosso cuidado, à nossa guarda. O Filho do Todo-Poderoso vem ao mundo, assumindo uma condição de grande fragilidade. Necessita de José para ser defendido, protegido, cuidado e criado. Deus confia neste homem, e o mesmo faz Maria que encontra em José aquele que não só Lhe quer salvar a vida, mas sempre A sustentará a Ela e ao Menino. Neste sentido, São José não pode deixar de ser o Guardião da Igreja, porque a Igreja é o prolongamento do Corpo de Cristo na história e ao mesmo tempo, na maternidade da Igreja, espelha-se a maternidade de Maria. José, continuando a proteger a Igreja, continua a proteger o Menino e sua mãe; e também nós, amando a Igreja, continuamos a amar o Menino e sua mãe.

Ser pai significa introduzir o filho na experiência da vida

Não se nasce pai, torna-se tal… E não se torna pai, apenas porque se colocou no mundo um filho, mas porque se cuida responsavelmente dele. Sempre que alguém assume a responsabilidade pela vida de outrem, em certo sentido exercita a paternidade a seu respeito.

Na sociedade atual, muitas vezes os filhos parecem ser órfãos de pai. A própria Igreja de hoje precisa de pais.

Ser pai significa introduzir o filho na experiência da vida, na realidade. Não segurá-lo, nem prendê-lo, nem subjugá-lo, mas torná-lo capaz de opções, de liberdade, de partir. Talvez seja por isso que a tradição, referindo-se a José, ao lado do apelido de pai colocou também o de ‘castíssimo’. Não se trata duma indicação meramente afetiva, mas é a síntese duma atitude que exprime o contrário da posse. A castidade é a liberdade da posse em todos os campos da vida.

Um amor só é verdadeiramente tal, quando é casto. O amor que quer possuir, acaba sempre por se tornar perigoso: prende, sufoca, torna infeliz. O próprio Deus amou o homem com amor casto, deixando-o livre inclusive de errar e opor-se a Ele. A lógica do amor é sempre uma lógica de liberdade, e José soube amar de maneira extraordinariamente livre. Nunca se colocou a si mesmo no centro; soube descentralizar-se, colocar Maria e Jesus no centro da sua vida.

O mundo precisa de pais

A felicidade de José não se situa na lógica do sacrifício de si mesmo, mas na lógica do dom de si mesmo. Naquele homem, nunca se nota frustração, mas apenas confiança. O seu silêncio persistente não inclui lamentações, mas sempre gestos concretos de confiança. O mundo precisa de pais, rejeita os dominadores, isto é, rejeita quem quer usar a posse do outro para preencher o

seu próprio vazio; rejeita aqueles que confundem autoridade com autoritarismo, serviço com servilismo, confronto com opressão, caridade com assistencialismo, força com destruição. Toda a verdadeira vocação nasce do dom de si mesmo, que é a maturação do simples sacrifício. Mesmo no sacerdócio e na vida consagrada, requer-se este género de maturidade. Quando uma vocação matrimonial, celibatária ou virginal não chega à maturação do dom de si mesmo, detendo-se apenas na lógica do sacrifício, então, em vez de significar a beleza e a alegria do amor, corre o risco de exprimir infelicidade, tristeza e frustração.

Toda paternidade é sinal que remete para uma paternidade mais alta

A paternidade, que renuncia à tentação de decidir a vida dos filhos, sempre abre espaços para o inédito. Cada filho traz sempre consigo um mistério, algo de inédito que só pode ser revelado com a ajuda dum pai que respeite a sua liberdade. Um pai sente que completou a sua ação educativa e viveu plenamente a paternidade, apenas quando se tornou ‘inútil’, quando vê que o filho se torna autónomo e caminha sozinho pelas sendas da vida, quando se coloca na situação de José, que sempre soube que aquele Menino não era seu: fora simplesmente confiado aos seus cuidados. No fundo, é isto mesmo que dá a entender Jesus quando afirma: “Na terra, a ninguém chameis ‘Pai’, porque um só é o vosso ‘Pai’, aquele que está no Céu” (Mt 23, 9).

Todas as vezes que nos encontramos na condição de exercitar a paternidade, devemos lembrar-nos que nunca é exercício de posse, mas ‘sinal’ que remete para uma paternidade mais alta.

Em certo sentido, estamos sempre todos na condição de José: sombra do único Pai celeste, que “faz com que o sol se levante sobre os bons e os maus, e faz cair a chuva sobre os justos e os pecadores” (Mt 5, 45); e sombra que acompanha o Filho.

No período de 14 a 20 de agosto, celebramos a Semana Nacional da Família, com o tema “Amor familiar, vocação e caminho de santidade!” Que São José nos inspire a alcançar este objetivo dentro da nossa casal

 

Maria, Porta do Céu, interceda para que possamos cumprir a bela missão da paternidade e maternidade!

Um abraço, fiquem com Deus.

Márcia e Ronaldo 

Comunidade Sara e Tobias

Ano 3 – nº 135 – 13/08/2022

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