‘O Senhor não me pediu mais do que me deu’…

Gostaria de começar compartilhando um pouco da minha alegria com cada um de vocês. A vocação é sempre uma resposta de amor. O Amante torna-se enfim Amado por Seu próprio amor. Dizia Santa Teresinha: “Não é bastante amar, é preciso prová-lo”.

Muitas pessoas talvez questionem se tudo isso não é exagero, principalmente a parte da clausura. Diante da generosidade do Calvário, sempre o que fazemos será pouco. Não se negou o Senhor todo a nós, por que nos negaríamos a Ele?

O Senhor não me pediu mais do que me deu.

Santa Elisabeth da Trindade, uma santa carmelita, dizia: “Deus é livre em tudo menos no amor”. Se o Senhor fez-se prisioneiro de meu amor, por que não eu me faria do dEle? Ser livre em tudo, menos no amor, essa é a vida que, em minha miséria, anseio.

Todos somos naturalmente inclinados ao matrimônio, mas é o matrimônio com Cristo na eternidade. Os celibatários, na antecipação dessa entrega; e os cônjuges, na prefiguração dessa união. Tudo sempre apontando para a união com o Amado. Uma vocação então não compete com a outra, ambas nos conduzem para o amor esponsal.

Não nasci para ser carmelita, não nasci para ser religiosa, eu nasci para me unir a Jesus Cristo, essa é a minha vocação. Por agora, carmelita é apenas o meio que o Senhor me deu para esse fim.

Eu não desejava isso desde o começo e nem há tanto tempo, muito pelo contrário. Eis-me então prova de que o Senhor não nos dá a Sua vontade sem nos dar a graça para realizá-la e realizá-la com alegria. Quando fomos visitar o Carmelo, uma das minhas irmãs falou assim: “Foram as pessoas mais alegres que eu já vi na minha vida. Elas são tão felizes, tão felizes, que dá vontade da gente viver a vida delas só para experimentar dessa alegria”. Aqui entendemos o que é liberdade. “Perder tudo para ganhar tudo”.

Queria falar que é por e com Nossa Senhora que faço minha entrega, no seu sim encontro toda a força para o meu. Se eu pudesse deixar algo para vocês, deixaria a Santíssima Virgem, foi ela o segredo da minha família, foi ela o meu segredo. Como diz a primeira leitura de hoje: “Todos os bens me vieram com ela”. Foi o que me aconteceu.

Todos os bens me vieram com Nossa Senhora e é por amor a ela que vou. Santo Agostinho diz: “Todos os autênticos cristãos estão enclausurados no ventre de Maria”. É para onde vou, é para onde pretendo ficar.

Não vou para o Carmelo para fugir das realidades que a Igreja enfrenta, vou para me entregar por essas realidades. Toda entrega não tem sentido em si mesma, eu não vou apenas para a minha santificação pessoal, minha entrega só tem sentido no outro, só tem sentido quando é pelas almas, pela Igreja, pelos sacerdotes, pelos casais, pela família, pelos jovens, pelos pecadores.

Gostaria de agradecer a presença de todos, agradecer as amizades, agradecer muito as orações, mas, acima de tudo, queria agradecer o testemunho de vocês, o testemunho dos casais e famílias aqui representadas. O amor casto entre os cônjuges do qual experimentei na minha própria casa, tão perto de mim com a Comunidade Sara e Tobias, faz-me desejar mais ardentemente minha união. Se os cônjuges podem amar-se com um amor tão elevado, quanto mais não o Senhor conosco?

Queria antes de ir também falar um pouco para vocês da fecundidade do casamento da minha mãe e do meu pai, da minha família. Os momentos são bons, as viagens são boas, a convivência é boa… mas a melhor parte do ser família é ser família para o Céu. Há pouco tempo, tornou-se esse o nosso ideal, como fruto das orações dos meus pais e do amor que transbordou do coração deles para o meu e os das minhas irmãs. Com minha partida, não procuro me separar da minha família, antes unir-me mais intimamente a eles nessa busca.

Eu amo Aquele que nós amamos. Vejo que aquilo que nos une é maior que o que nos separa.

A muitos aqui presentes não mais verei, no entanto, não gostaria que a missa de hoje fosse uma despedida. Para aqueles que morrerem em estado de graça, em tudo buscando fazer a santa vontade de Deus, é só um até logo; se tivermos os mesmos destinos, é só um até breve.

Para finalizar gostaria de citar uma frase de outra santa carmelita, Santa Teresa Benedita da Cruz, que diz: “Responder ao chamado de Deus é uma loucura, mas sempre vale a pena correr o risco”.

– Mensagem de Camila Dias Paiva, filha de Ronaldo e Márcia Paiva, em sua missa de envio para o Carmelo Nossa Senhora do Carmo de Campo Mourão – 09/10/2021.

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