O Evangelho deste domingo nos mostra o questionamento que os fariseus e os mestres da Lei fizeram a Jesus: “Por que os teus discípulos não seguem a tradição dos antigos, mas comem o pão sem lavar as mãos?” (v. 5). A resposta de Jesus foi com palavras duras: “Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. De nada adianta o culto que me prestam” (vv. 6 e 7).
Jesus quer nos alertar sobre a autenticidade e coerência entre nossa fé e nossa vida. Da mesma forma que as atitudes daquele povo não estavam de acordo com aquilo que estava no seu interior, muitas vezes as nossas ações não revelam exatamente o que está no nosso coração. É hipocrisia darmos importância a qualquer prática exterior se o nosso coração estiver cheio de vícios e distante de Deus.
Será muito triste se Jesus tiver que nos chamar de ‘casais hipócritas’.
O hipócrita, segundo definição constante no dicionário, é “aquele que demonstra uma coisa, quando sente ou pensa outra, é o que dissimula sua verdadeira personalidade e afeta, quase sempre por motivos interesseiros ou por medo de assumir sua verdadeira natureza, qualidades ou sentimentos que não possui”.
Qual o sentido de estar na Igreja no final de semana se ao longo dela traímos ou maltratamos nosso cônjuge e nossos filhos? Qual a lógica de postar fotos de mãos dadas com nosso esposo ou esposa nas mídias sociais se, quando estamos juntos, mal nos falamos? Para que servem as devoções se meu coração não se propõe a uma verdadeira conversão?
O nosso comportamento como casal cristão deve refletir o compromisso interior de amor e fidelidade que assumimos diante do Altar do Senhor e deve demonstrar a beleza do sacramento do Matrimônio.
Deus nos chama a viver a profundidade deste sacramento, mas, infelizmente, muitos casais o vivem de forma superficial e sem querer assumir as consequências que dele decorrem.
Todos nós temos a vocação individual à santidade e, quando nos casamos, este chamado passa também a ser conjugal e familiar. Deus nos quer santos! Deus quer que nossas famílias sejam santas!
Da mesma forma que ser um bom esposo ou uma boa esposa não significa ter que realizar uma série de coisas simplesmente por ser nossa obrigação, também estamos enganados quando achamos que para ser um bom casal católico devemos ‘fazer’ isto ou ‘não fazer’ aquilo somente para cumprir as regras que a Igreja nos propõe. Para sermos bons católicos devemos ‘ser’ inteiramente do Senhor, de corpo e de alma. Precisamos viver o Sacramento do Matrimônio com sinceridade e humildade, purificando os nossos corações e nossas ações.
Não adianta o Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) trazer a informação de que o Brasil é o país com a maior população de católicos do mundo, se a maior parte deles não viverem sua fé com coerência e não tiverem o coração convertido. Certamente, a religião vivida apenas por conveniência não levará ninguém para o Céu…
Como nos sentimos bem na presença de um casal que vive com coerência a fé que professa! De modo semelhante, a autenticidade do nosso casamento pode iluminar os locais que frequentamos e as pessoas com quem convivemos. Podemos irradiar a presença de Jesus Cristo.
Na primeira parte do Evangelho, Jesus falou para os fariseus e mestres da Lei e desmascarou o seu comportamento. Mas depois Jesus chamou a multidão para perto de si e se dirigiu a todos: “Escutai, todos, e compreendei: o que torna impuro o homem não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior” (vv. 14 e 15).
Que saiam do nosso casamento as más intenções, imoralidades, adultérios, ambições desmedidas, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho e falta de juízo (cf. vv. 22 e 23). Que Deus nos dê a graça da pureza de intenções e de coração.
Maria, Porta do Céu, interceda para que o nosso casamento seja verdadeiramente do Senhor!
Um abraço, fiquem com Deus!
Márcia e Ronaldo
Comunidade Sara e Tobias
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